Os anos 1960 iniciaram um terceiro ciclo histórico para a Casa. A inauguração do Hospital Evangélico fez crescer o fluxo de pessoas para o bairro do Bigorrilho, dinamizando a economia da região e a ocupação territorial da vizinhança. Casas, prédios e estabelecimentos comerciais surgiram por toda a área, que iniciou uma transformação que se estenderia pelas décadas seguintes.
O crescimento acelerado do bairro também foi fortalecido por um intenso movimento migratório que levou a população de Curitiba a aumentar de 356.830 em 1960 para 642.362 em 1970, um incrível aumento de 80% em apenas 10 anos. Em 1980, a população curitibana chegou a 1.025.079 habitantes, um novo salto de 60%. A periferia foi gradualmente sendo deslocada para regiões mais distantes do Centro, movimento acelerado na década de 1970 com a estruturação da Cidade Industrial de Curitiba, a CIC.
Neste contexto de transformação da sua vizinhança, a Capa dos Pobres também experimentou crescimento e mudanças. Já em 1961, foi construído o primeiro muro para proteger a instituição, assim como instalados dois portões de ferro. E em 1966 ocorreu a ligação da Casa à rede de água que estava sendo instalada no bairro pelo Departamento de Água e Esgoto do Estado.
Uma nova geração de dirigentes liderou a Capa dos Pobres, embora o ex-presidente Sady Luiz Alberge tenha se mantido como vice-presidente durante os mandatos de Estevam Kataloski (1961 a 1963), Manoel Alves Teixeira (1963 a 1965) e Antenor Alves Teixeira (1965 a 1967). Os irmãos Alves Teixeira, aliás, acumularam 5 mandatos na direção da Casa, sendo 3 presidências de Manoel e 2 de Antenor. Em 1967, Reynaldo Swolinski foi eleito presidente, entregando o cargo em 1969 a Manoel Alves Teixeira.
Eles criaram, ainda em 16/06/1960, o Departamento de Assistência Social, elegendo Francisca Batista como a primeira diretora da área, que se tornaria um dos pontos mais fortes da atuação da Capa dos Pobres nas décadas seguintes. Mas é só de 1969 o registro da aquisição da primeira máquina de costura, o que testemunha as dificuldades do trabalho voluntário daquela época. Neste período, o Departamento já era dirigido por Olga Guimarães, uma humilde governanta que, quando o Centro não tinha dinheiro, usava seu modesto salário para comprar bananas no mercado do bairro para que os assistidos não fossem embora de mãos vazias.
A ata da reunião de 30/10/1960 traz a redação dos novos Estatutos da Casa, que continham um interessante artigo 40, descrevendo a relação dos feriados observados pelo Centro. Nela encontramos o dia 3 de abril, descrito como o dia da desencarnação de Jesus. Ao invés de adotar a tradicional Sexta-Feira Santa, a opção foi a de utilizar um dia fixo, o que não foi mantido nos futuros Estatutos da Capa, que adotaram um modelo sugerido pela Federação Espírita em 1967.
Nesta década, temos os primeiros registros sobre as palestras de aniversário da Casa. A palestra de 40 anos da Casa, em 1962, foi realizada pelo Dr. Walter do Amaral, futuro presidente da Federação Espírita do Paraná. Em 28/06/1966, o palestrante foi o Dr. Jacob Holzmann Netto, enquanto a palestra de aniversário de 45 anos, em 1967, foi ministrada por Issam Farhat, que novamente foi convidado em 28/06/1969, quando abordou o tema “Egípcios, hebreus, cristianismo e espiritismo”. Autor do livro “Os Videntes na Bíblia”, Issam retornaria à Capa diversas vezes em vários anos seguintes, tornando-se um dos oradores mais frequentes em eventos da Casa no período.
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Fonte imagem: https://www.curitibaantiga.com/fotos-antigas/309/Vista-geral-do-Bigorrilho-nos-anos-60.html Acesso em: 24 mar. 2022
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